#Afonso – Episódio 1: Quem é ele?
SHORT STORY
“Afonso, esse ser hipermoderno e hiperconsumista, sai sempre de casa à pressa, como habitual, com o tablet e a Time Out na mão, para rapidamente voltar a subir ao seu apartamento arrendado e ir buscar o iPhone inacreditavelmente esquecido, em cima da tão querida Monocle. Desce, depois, desta vez acompanhado por uma banda sonora meio electrónica, meio indie, e caminha até ao metro, com destino ao Chiado ou à Avenida. Quando lhe questionam se é incoerente esta sua escolha, o Afonso diz que gosta deste misto de novo e antigo, da tecnologia de ponta e do toque e textura do vintage e retro, das conversas numa esplanada com vista panorâmica da cidade e do rebuliço dos concertos e dos festivais de Verão. Está a chegar aos 30, dita o cartão do cidadão e o 2º passaporte electrónico, repleto de paragens em cidades dispersas; mas, tantas vezes, se confunde com um miúdo completamente viciado em gadgets, inovações tecnológicas e actualizações de estados nas redes sociais. É um gourmet: tira fotos e faz “check-ins” porque é giro, sem que tenha que justificar e dar razões aparentes; e, se for preciso, desliga os gadgets, enquanto aproveita um excelente vinho, frente a um exímio sorriso. É avant-garde, um bon vivant em Portugal, mas apaixonado por encontrar um pastel de nata em Amesterdão ou um livro de Pessoa em Londres. Tantas coisas que o Afonso diz que é, quando fala, no bar e com elas, horas sem fim, para no fim lembrar e reviver apenas os longos dias de Verão, nos anos 90, quando se sentava no passeio ao pé de casa e trocava cromos e autocolantes. Hoje, é artista e troca paixões…”
Republicado e adaptado do meu projeto anterior: Afonso – Facebook & Enquanto não sabes
Nota: produção amadora, sem orçamento nem fins comerciais, com apoio de familiares e amigos – Clica aqui se o vídeo não abrir
GUIÃO
INT. CASA – ENTRADA – NOITE
A imagem salta para a casa de Afonso. Afonso já despido, fecha a porta de casa.
INT. CASA – QUARTO – NOITE
Afonso entra no quarto e deixa-se cair na cama, apagando imediatamente.
INT. CASA – QUARTO – TARDE
É de tarde. As cortinas meio abertas deixam passar claridade e surge Afonso. Começa a preparar-se para sair de casa (últimos retoques do cabelo, relógio de marca moderno e camisa de marca frente ao espelho).
ALGUÉM (V.O.)
(Quando começa a atar os sapatos)
Este é o Afonso… Um gajo hipermoderno, que não perdoa uma aparência descuidada.
ALGUÉM (V.O.)
(Na indecisão de quanto botões apertar na camisa e enquanto põe o relógio)
Meio que consumista; há quem diga até eclético.
ALGUÉM (V.O.)
Acho que já perceberam a ideia.
INT. CASA – HALL/ELEVADOR – TARDE
ALGUÉM (V.O.)
De ressaca ou não, sai sempre de casa com a cabeça no ar… Porque não há dia que não volte ao seu apartamento arrendado.
INT. CASA – SALA – TARDE
ALGUÉM (V.O.)
Ora porque se esqueceu da carteira, ora para ir buscar o tablet topo de gama, sempre esquecido em cima da tão querida Monocle.
EXT. RUA – JARDIM PRÓXIMO DO METRO – TARDE
Afonso está agora a ler o seu livro em voz alta, num banco do jardim, a caminho do metro. Recita uma passagem sobre o amor e a vida. Alterna com o seu tablet.
ALGUÉM (V.O.)
(Enquanto Afonso anda)
Há quem o chame de incoerente. Mas ele descarta sempre isso rapidamente.
EXT. RUA – ENTRADA DO METRO – TARDE
Caminha até ao metro, ainda acompanhado de música meio electrónica, meio indie / alternativa, que vai alternando.
AFONSO
(Enquanto brinca com o seu tablet e algo vintage e olha em redor da cidade que descreve a oposição)
Eu gosto deste misto de novo e antigo, da tecnologia de ponta e do toque e textura do vintage e retro.
Para quê disfrutar de um quando podemos disfrutar de ambos?
EXT. RUA – ESPLANADA COM VISTA PANORÂMICA – TARDE
AFONSO (V.O.)
Quem me roubar o poder beber um copo enquanto aproveito esta vistas fantásticas, rouba-me tudo!
EXT. RUA – FESTIVAL OU CONCERTO DE VERÃO – FINAL DE TARDE
AFONSO (V.O)
Se bem que se tiver que escolher entre vistas da cidade ou destas minhas companhias… Deixem-me então ficar com esta minha praia que são os concertos e os festivais de Verão.
INT. OPEN SPACE (COZINHA E SALA COM FESTA DE ANIVERSÁRIO) – TARDE
Afonso está rodeado de amigos que cantam os parabéns. Sopra as velas de um bolo com velas que indicam 29.
ALGUÉM (V.O.)
Está a chegar aos 30. Pelo menos é o que dita este olhar meio que afastado, o cartão do cidadão e um 2º passaporte repleto de paragens em cidades dispersas. Mas a cabeça, essa, deve ter parado nos 20.
Cumprimenta os amigos e discute depois com a sua amiga especial sobre o futuro da relação (texto improvisado).
Terminada a relação, junta-se aos amigos que estão a jogar playstation.
INT. RESTAURANTE – NOITE
Afonso está à mesa, a tirar fotos à comida.
ALGUÉM (V.O.)
Feitas as contas, é um gourmet. Degusta com calma… E gosta que o mundo saiba disso. Diz ele que os olhos também comem!
INT. SALA – TARDE
Afonso está no sofá, com um amigo, a jogar PS, mas com o tablet ligado, apoiado na perna.
ALGUÉM (V.O.)
Mas tantas vezes o confundem com um miúdo completamente viciado em gadgets, inovações tecnológicas e a partilhar tudo com todos…
AFONSO
(Enquanto tira uma foto e partilha, rindo-se)
Esta vou ter de partilhar! sempre a somar!
O amigo de Afonso olha para ele com alguma raivinha enquanto Afonso está radiante e continuam a falar. Afonso brinca, com piada, sobre o amigo e depois sobre as raparigas que vê no tablet (texto improvisado).
INT. OPEN SPACE (COZINHA E SALA) – NOITE
Afonso está a servir vinho e brindar, com uma rapariga, com um sorriso lindo.
ALGUÉM (V.O.)
(Enquanto se vê Afonso a ir à cozinha buscar o vinho)
Não pensem que ele não se arrepende. Se for preciso, põe o mundo em espera, pede desculpa e aproveita um excelente vinho, frente a um exímio sorriso.
Afonso pede depois desculpa e a amiga aceita as suas desculpas (texto improvisado).
EXT. PASTEIS DE BELÉM – TARDE
Afonso chega a Belém e sai depois dos pastéis de belém, com uma caixa na mão e um livro noutra, mega sorridente.
EXT. JARDIM DE BELÉM – TARDE
Afonso chega ao jardim.
ALGUÉM (V.O.)
É certo e sabido que é avant-garde, um bon vivant… Mas olhem como se contenta com tamanha simplicidade.
Afonso está sentado, com o livro e trinca o pastel. Depois de saborear, fala para a câmara.
AFONSO
Um Pastel de Belém e um livro de Pessoa, aqui, em Londres ou na China… E ainda dizem que não se pode ser feliz assim!
INT. BAR – NOITE
Várias cenas em que Afonso está com raparigas no mesmo bar. Está sentado frente à rapariga a falar.
ALGUÉM (V.O.)
Tantas coisas que o Afonso diz que é, quando fala horas sem fim, com elas ou sem elas, tanto faz, até no bar.
Porquê dar-se ao trabalho de inventar, se estas jogadas ensaiadas funcionam sempre tão bem no sítio do costume.
Já é uma segunda rapariga que lá está.
ALGUÉM (V.O.)
É um jogo divertido até, pelo menos para o Afonso, que nunca se cansa dum certo mistério familiar que teima em cativá-lo e empurrá-lo para um mundo àparte… Que nem uma bolha onde ficam ambos a falar noite fora, como se não existisse mais ninguém à volta.
Afonso levanta-se e passa alguém à frente. Quando sai, quando os vemos de frente, já é uma terceira rapariga e vão pedir uma bebida ao bar.
ALGUÉM (V.O.)
Desengane-se quem acha que faz as coisas pela calada.
Quer estejam por ali conhecidos ou não, é o típico engatatão, que não se importa de aparecer com novas presas em frente àquelas que já foram suas.
Como devem imaginar, há noites que nada lhe dizem. São só mais uma forma de não passar o tempo sozinho em casa. Realmente, dependem muito da companhia escolhida, umas vezes até escolhida a dedo.
Afonso fica entretanto sozinho, encostado ao bar, a olhar, pensativo.
EXT. RUA – PASSEIO EM FRENTE A CASA – DIA
Afonso está sentado no passeio, ao lado de uma amiga. Estão a trocar autocolantes gorila e cromos. Riem-se, quase se deitam no chão…
ALGUÉM (V.O.)
(Enquanto se riem)
Mas há também momentos em que há quem o transporte para os longos dias de Verão, quando se sentava no passeio ao pé de casa e trocava cromos e autocolantes.
INT. BAR – NOITE
Vê-se a primeira rapariga de novo e sai com Afonso do bar.
EXT. RUA (FRENTE AO BAR E JUNTO AO CARRO) – NOITE
Aproximam-se ambos do carro, Afonso abre a porta do carro. Sorriem e beijam-se já dentro do carro.
ALGUÉM (V.O.)
(Enquanto se beijam)
Hoje, é artista e troca paixões…
FIM
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